quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

CORRUPÇÃO


Os carros corriam em alta velocidade pela estrada municipal da cidade de São Paulo. Atenção, os suspeitos seguem correndo para a BR 35, solicito várias viaturas!  No carro da frente dois jovens maduros e inseguros dirigindo um Citroen prata com placa de Nova Andradina. Atrás uma viatura policial não muito moderna, mas bem conservada pelos anos. Os PMs João da Silva e José Santos já estavam investigando a quadrilha há oito meses e somente agora conseguiram encontrar uma brecha para pegá-los em flagrantes.
Os jovens estavam desesperados, pois conforme pisavam no acelerador a polícia se aproximava rapidamente. O som alto que até então consolava os infratores já não era capaz de penetrar em seus ouvidos e o tanque cheio já se tornara apenas mais um carro de cidadão comum. Mano, jamais pensei que seria preso na grande São Paulo, trabalho para o Carlão já faz mais de sete anos, eu era até menor quando comecei nessa vida, mas agora está tudo perdido. E o carro voava na pista pouco movimentada.
- É hoje que eu pego esses manés! – Rosnava o policial João tragando os últimos resíduos do Derby que restava em sua boca.
A quadrilha trabalhava próximo ao mercadão municipal e muitas vezes os produtos eram embalados no próprio galpão do estabelecimento. A polícia só desconfiou do crime ao receber uma ligação anônima feita de um orelhão público, o que não impediu que os jovens continuassem se arriscando a contrabandear a mercadoria pela grande cidade.
Um negro forte de óculos vermelhos gritava: - Vamos, negada! O Carlão falou que metade das onças devem ser transportadas para a zona norte e o que sobrou dos pássaros para a zona leste!
Dentro da viatura os policiais se deliciavam com a armadilha que fizeram para os criminosos. Os carros ainda corriam na pista, só que os meninos resolveram se arriscar na perseguição. Joga no meio desses caminhões de cana! O jovem motorista pensava, suava, guiava. Não perde tempo, caralho! Não é tão simples assim fugir de policiais experientes e velhos de guerra. João e José eram braços direitos dos generais no período da ditadura, eram o que chamamos hoje de macacos velhos, por isso foram escolhidos para as operações especiais e hoje era o dia de fazer valer.
- Cara, isso não vai dar certo! – chorava o pobre jovem motorista ao passar para a contramão da imensa rodovia.
Os policiais só observavam de longe o belo carro colidir com outro caminhão que em alta velocidade apareceu na pista. Otários! Jovens são sempre aventureiros, porém são os que menos sobrevivem na lei do trânsito.
- Anda, vê o que tem no bagageiro! – Disse João.
- Você tá louco? Temos que ver se ainda é possível tirá-los com vida das ferragens do carro! – Desesperou José perante as grandes poças de sangue esparramadas no interior e exterior do veículo.
Entretanto sua preocupação foi desaparecendo quando o parceiro retirou do bagageiro uma mala com mais de cinquenta mil reais e trinta quilos de cocaína. Trataram de ligar urgentemente para a central e anunciar a apreensão do dinheiro e da droga.  Enquanto guardavam as provas do crime na viatura, os cidadãos preocupados tentavam socorrer os jovens que agonizavam de dor dentro do carro. Não queria morrer assim! E naquela tarde de sábado os grandes policiais ganharam o reconhecimento da mídia e das redes sociais por lutarem bravamente contra o tráfico de drogas.


Na tarde deste sábado, 08 de março de 2014, a Polícia Militar apreende vinte mil reais e dez quilos de cocaína em carro de traficantes na grande São Paulo, os fugitivos colidiram com um caminhão e morreram durante a perseguição. Segundo os policiais João da Silva e José Santos, a quadrilha da qual eles faziam parte já estava sendo investigada durante um bom tempo por levar drogas do Mato Grosso para várias cidades do interior de São Paulo, inclusive para a capital, mas nesse início de semana a rota dos traficantes foi interceptada pela força tática policial.

Jornal da cidade, 08 de março de 2014

http://comportamentotribal.files.wordpress.com/2010/11/policial-corrupto.jpg

JUCINEI ROCHA DOS SANTOS, 04 DE DEZEMBRO DE 2014.

terça-feira, 17 de junho de 2014

NADA ALÉM DA VERDADE



Tudo começou quando a polícia bateu em sua porta.
- Quem é?
- É a polícia militar! Podemos ter uma simples conversa, é rapidinho.
- Tudo bem, espera só um minuto que já abrirei a porta.
- Positivo!

- Bom dia.
- Bom dia. Senhor João da Silva, certo?
- Sim, queiram entrar e fiquem à vontade.
- O negócio é o seguinte, Senhor Silva. Recebemos uma ligação anônima dizendo que o senhor é o principal culpado do assassinato do empresário José Guilherme Brandão.
- Como assim? Nunca ouvi falar desse homem na minha vida!
- Todos dizem isso. Primeiramente, gostaríamos de fazer algumas perguntinhas.
- Tudo bem, podem perguntar o que quiserem...

... Horas depois.

- E no dia vinte e seis de novembro do ano passado, o que o senhor estava fazendo?
- Sei lá eu! Já faz mais de três meses, eu não me lembro.
- Eu sabia que tinha algo de errado!
- Como assim? Eu respondi a todas as perguntas e só porque não me lembro onde eu estava há três meses eu vou ser acusado?
- Não. O senhor vai colaborar conosco, não vai?
- Claro que vou, e vou mostrar como sou inocente.
- Assim espero...

Minutos depois...

- Por que você matou o senhor Brandão? (Aplicando um tapa na cara do sujeito)
- Ahhh! Eu já disse que não matei ninguém!
- Pode afundar a cabeça dele novamente no tanque e dessa vez deixe o dobro de tempo!
- Nã...
-...
-...
- Vou te dar mais uma chance, quem te ajudou a cometer o crime?
- Ahh... Pelo amor de Deus... Hãf... seu policial...hãf...eu já disse que não... hãf... matei ninguém!
- Afunda de novo!
- Ah!
-...
-...
- Tenente!
- O que foi?
- Ele desmaiou.
- Espere um minuto que continuaremos com o interrogatório.

- Então, Senhor Silva. Vai colaborar ou não?
- Quantas vezes terei que dizer que nunca cometi crime nenhum?
- O senhor é quem sabe. Soldado?!
- Sim, senhor!
- Pegue um prego pequeno, o martelo e o alicate!
- Mas senhor, eu acho que ele está dizendo a verda...
- Cale a boca e traga logo essas ferramentas! Não me lembro de ter te perguntado nada!
- Sim, senhor.

Minutos depois...
- Então, Senhor Silva, vai colaborar ou não?
- Não, nunca!
- Muito bem, arranque mais uma unha!
- Sim, senhor!
- Espere, vamos fazer algo melhor.
- O que, Senhor tenente?
- Tire a calça dele!
- Como assim, o que o senhor pretende fazer?
- Não discuta, somente obedeça!
- Sim, senhor...
- Esquente essa agulha no isqueiro.
- Hã?
- isso mesmo, esquente logo!
- Sim, senhor...
- Agora coloque no buraco do pênis dele.
- Mas, senhor...
- Obedeça, ande...
- Não! Ah! Tá bo... bo.... bo... bom, fu... fu... fu... fui eu, mas pare com isso!
- Muito bem, Senhor Silva. Se tivesse confessado antes, nada disso teria acontecido.
-...


Na tarde desta sexta-feira, dia 28 de Fevereiro de 2014 é preso o funcionário público, João da Silva, principal suspeito do assassinato do empresário José Guilherme Brandão, Proprietário das Casas de Show Emmanuele. Segundo o tenente, Armando Confusionni, João foi encontrado em sua casa e depois de uma simples conversa com a polícia resolveu confessar o crime e se entregar às autoridades. O saneador de vias públicas se encontra no Centro penitenciário Silêncio dos inocentes, no município de Carnaúba, Alagoas, onde espera por julgamento.


(Jornal da Cidade, 28 de Fevereiro de 2014)


Fonte da imagem: http://olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?noticia=Sete_detentos_tentam_fugir_do_Carumbe_serrando_grades_de_cela&id=318685

                                   Jucinei Rocha dos Santos, Monte Azul Paulista, 17 de Junho de 2014.

sábado, 14 de junho de 2014

PRIORIDADES

Nove e meia da noite no quarto do casal.

- Por que você está tão distante assim de mim?
- É porque está muito calor, oras!
- Não quer ligar o ventilador?
- Não! Pois toda vez que ligamos o ventilador eu acordo com a garganta doendo.
-Como foi seu dia de serviço?
- Bem...
- Hum... Vendeu muitos produtos na loja?
- Não muito, o movimento estava fraco hoje.
- Entendi. E sua mãe, ligou?
- Não. Você nem gosta dela, não sei por que está perguntando!
- É que pelo menos alguém nessa relação tem que demonstrar, no mínimo, interesse em como foi o dia do outro. Não acha?
- Não!
- Me diz uma coisa! O que foi que eu te fiz para você me tratar dessa forma?
- Que forma?!
- Essa que você está fazendo agora!
- Eu estou normal, nem sei do que você está falando!
- Ah, não se faça de sínica, por favor!
- Eu não estou me fazendo, é só impressão sua!
- Amor, desde que você deitou nessa cama você tem me tratado com desprezo.
- Eu?
- Sim, você!
-...
- Não vai me dizer nada?
- Dizer o que? Você já disse tudo.
- Entendi.
- Peraí! Aonde você vai?
- Vou dormir na sala.
- Por quê?
- O ambiente lá é melhor que aqui!
- Mor, por favor, volte para cá!
- Não!
- Por favor...
- Não! Você está surda por acaso?
- Me desculpe, é que meu dia hoje foi cansativo.
- E por causa disso você vem e me trata de qualquer jeito?
- Não foi minha intenção, volte para cama.
- Se for para ser tratado dessa forma prefiro dormir com os cachorros!
- Nossa, mor!
- Estou sendo sincero contigo.
- Vem cá, vem!
- Hunf...
- Então meu bebezão quer carinho, é?
- hã hã!
- Você me perdoa? Eu nem percebi que estava te tratando tão mal.
- Não tem problema, esquece.
- Desculpa, viu?
- Tudo bem!
- Já disse que te amo?
- Ainda não.
-Te amo, muito muito muito e muito!
- Eu também...


Falta de apetite sexual é a principal causa dos divórcios no Brasil e no mundo. Pesquisas feitas pelo Centro Universitário Latino Bacchus e Universidade Alemã Freya comprovam que um em cada quatro casamentos cujos cônjuges não possuem vida sexual ativa não duram mais que quinze anos. Muitos estudiosos atribuem essa falta de intimidade aos filhos, rotina, estresse, trabalho, entre outras atividades que só aparecem após o matrimônio, porém, isso nunca foi comprovado cientificamente. Segundo o Psicólogo Armando Pinto, quando esses problemas aparecerem, os casais devem sentar e discutir a relação, pois na maioria das vezes o que é bom para um não é para o outro, e essas diferenças devem ser respeitadas de uma forma que não prejudique a relação de ambos.


(Jornal da cidade, 21 de Julho de 2012)


Jucinei Rocha dos Santos, Monte Azul Paulista, 15 de Junho de 2014

fonte da imagem:

Fonte da imagem: http://ahoradaprincesa.spaceblog.com.br/r91933/CASAMENTO/58/

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A ÉGUA APAIXONADA

- Joaquim, venha cá!
- Oh painho, o que deseja?
- Menino, tu percebestes que aquela égua branca anda rodeando nosso terreiro de novo?
- Impressão tua, painho. Impressão tua...
- Olha só!
- Olhar o quê?
- Ela está parada em frente à porteira, até parece menino moço a procura de namorada.
- Impressão sua, meu velho. Ela deve estar comendo um pouco do capim que tá ali perto.
- Espero que seja, pois ultimamente essas éguas andam muito estranhas.
- Deve ser por causa do tempo, painho. Essa seca aqui no norte está de matar.
- É verdade, mas não foi pior do que a de cinquenta.
- Por quê?
- Naquele tempo muitas famílias tiveram que mudar daqui pra outras regiões.
- Hum...
- O gado morreu tudo e quase que nós também morremos.
- Óxente mãinha!
- É, meu filho. Nossa sorte foi essa plantação de palma que fica em frente ao pé emburana. Ela nos alimentou durante muito tempo.
- E pensar que muitos reclamam de hoje, né, meu velho?
- Pois é...
(Ouve-se um barulho no quintal)
- Que barulho foi esse, José?
- Sei não, painho. Vamos lá ver!
- Ah, não acredito. Essa égua vagabunda quebrou a cerca de novo.
- Ela tá muito estranha, não é?
- E como meu filho, é a quinta vez que ela quebra essa cerca nesse mês. O que será que ela tá procurando aqui em casa?
- Sei não, pai.
- Vocês não andaram alimentando ela com o estoque da despensa não, né?
- Claro que não, painho!
- Hum... Sinto que tem algo muito errado por aqui e vou descobrir!
- Pode deixar que eu te ajudo, meu velho!
- Muito bem. Primeiro vamos consertar essa cerca, senão todo o gado do José Barranco vem pra cá.
- Tá certo, pai. Eu acho que são esses gados que estão fazendo mal para as éguinhas.
- Pode até ser, mas meu filho, vá até o João de Dona Maria buscar martelo e pregos pra gente arrumar a danada da cerca.
- Tudo bem, painho, mas a casa dela fica muito longe.
- Então pega o cavalo e vá lá, e logo!
- Painho?
- Hum...
- Pode te pedir uma coisa?
- Fala, Joaquim!
- Me deixa ir com a éguinha, ela é mais ligeira...


“Aumentam casos de Zoofilia na região nordeste. Pesquisas realizadas pela Universidade São Francisco de Assis revelam que 1 em cada 100 habitantes da zona rural já tiveram ou têm relações sexuais com seus animais, as principais vítimas são éguas, vacas e porcas. A polícia anda preocupada com as denúncias anônimas, já que uma boa parte dos animais demonstraram comportamentos inadequados. O Delegado Armando Pinto, da cidade de Quixeramobim/Ce, diz que a pena para o autor dessas atrocidades será de três meses a um ano de prisão ou multa, de acordo com a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98)."

                                                                 (Jornal da Cidade – 22 de Janeiro de 2013)

                          Jucinei Rocha dos Santos, Monte Azul Paulista, 26 de Outubro de 2013.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

AÇÕES E CONSEQUÊNCIAS

- E ai cara, como está?
- As coisas andam muito difícil velho, nada volta a ser como era antes.
- Eu imagino...
- Pois é...
- Mas o Marcão não ficou de conseguir um trampo pra você?
- Ele conversou com o gerente lá.
- E ai, o que virou?
- Quando ele viu meu currículo até ficou animado, pois eu tenho bastante experiência com empacotamento, mas...
- Então deu certo?
- Não.
- Como assim?
- Ele fez algumas perguntinhas básicas e pediu outros documentos.
- E...
- Quando ele viu tudo pediu para eu aguardar que se precisasse ele me ligaria.
- Hum... É osso.
- Eu sei. E cá entre nós, todos nós sabemos que ele não quer um cara como eu na empresa dele, né?
- Pior que é verdade.
- E como estão seus filhos?
- Nem quero tocar nesse assunto. Acredita que nenhum quer me ver?
- Mas tente entender o lado deles. Não é fácil pra eles também, perderam tudo que consideravam importante.
- É...
- E além do mais, você tem sorte de nenhum deles querer te matar...
- Verdade.
- Então, está morando onde?
- Com minha mãe. Ela está aposentada e pediu pra eu ficar cuidando dela por algum tempo até eu conseguir um emprego.
- O Pedro me disse que você tinha começado a trabalhar com o Jorge Lucas.
- Tinha sim, mas acredita que ele é primo da minha mulher?
- Sério?
- E como...
- Nossa! Então, nem é bom trabalhar com membro da família, muito menos primo da esposa.
- Eu também não levo jeito para servente de pedreiro.
- Pois é...
- Sabe de uma coisa Fred?
- Se eu pudesse voltar atrás faria tudo diferente.
- Por quê?
- Acredito que eu tive muitas oportunidades para mudar minha vida, mas não aproveitei nenhuma.
- hum...
- Enquanto minha esposa batalhava para cuidar da casa e cuidar das crianças, eu ficava mexendo com aquelas paradas. Velho, como eu fui um imbecil!
- Já ficou no passado, velho.
- Não ficou não, as consequências duram até hoje.
- E o que você pode fazer para mudar essa história?
- Só me resta recomeçar. Ver onde eu errei e fazer tudo diferente, quem sabe dessa vez eu não consiga ao menos chegar em algum lugar, já que o passado eu nunca poderei apagar.
- Pois é...
- Fred.
- Hum...
- Vou nessa, a gente se tromba por ai.
- Falou cara, fica na paz.
- você também...


15 anos atrás.

“Homem mata mulher em cidade do interior de São Paulo. José da Silva, de 30 anos assassinou na noite de ontem sua esposa, Maria Pereira da Silva, de 27 anos. A polícia busca investigar a causa do homicídio, mas a perícia diz que ele chegou drogado e embriagado em casa e discutiu com a mulher, inclusive alguns vizinhos ouviram os gritos. Maria deixa quatro filhos, amigos e parentes. O corpo será velado no velório municipal PC Farias, no centro da cidade. José foi encaminhado para a cadeia municipal onde ele espera sua sentença.”

                                                                   (Jornal da Cidade – 24 de Junho de 1996)



"O córrego é o mesmo,
Mesma , aquela árvore,
A casa, o jardim.
Meus passos a esmo
(Os passos e o espírito)
Vão pelo passado,
Aí tão devastado,
Recolhendo triste
Tudo quanto existe
Ainda ali de mim
— Mim daqueles tempos!"


(Manuel Bandeira)


             Jucinei Rocha dos Santos, Monte Azul Paulista, 03 de Junho de 2013.

MEUS PRIMEIROS ENCONTROS COM A LITERATURA


          Sempre fui uma criança que amava esportes e brincadeiras de rua. Durante minha infância nunca tive interesse em leitura ou escrita, porém, meus gostos por literatura foram mudando a partir do momento em que comecei a cursar a terceira série do ensino fundamental.

          Tudo começou com uma professora chamada Sueli. Ela tinha o costume de contar histórias da bíblia a cada sexta feira (Além de ler livros de literatura), fazendo com que todas as crianças parassem o que estavam fazendo para ouvi-la. Nesse período, eu era um aluno com muita dificuldade de aprendizagem, não conseguia ler nem escrever direito, tanto que sempre era convocado para as recuperações de julho e dezembro, além de dormir na sala de aula e ficar só desenhando enquanto a professora passava matéria, mas quando era a hora da história, viajava como poucos naquele universo oferecido pela literatura. Foi então que fiz um questionamento. De onde vinham tantas histórias maravilhosas como aquelas? E como a “Tia Sueli” sabia de tudo aquilo? Com o tempo pude observar que ela sempre estava com um livro nas mãos, sempre nos mostrava as imagens, e às vezes, lia o livro. Então todas essas histórias estão lá dentro? Agora entendi o segredo dela! Foi nesse exato momento que a minha vida mudou para sempre.

          Virei um leitor assíduo naquele ano? Não. Comecei a escrever bem? Também não. Porém, comecei a frequentar bibliotecas. Olhava os desenhos de cada livro, tentando desvendar cada história ali presente, sem se importar com aquelas palavras escritas (Afinal, não gostava de ler e escrever ainda). Assim, fui crescendo, crescendo, crescendo... E aos poucos venci meus medos e dificuldades (Já tinha dezoito anos, mas venci). Minha paixão por livros duram até hoje, tanto que me considero um bibliófilo. Atualmente, dou aula de português, leitura e produção de texto para o ensino fundamental, e sempre utilizo a estratégia, que aprendi com minha querida professora, para atrair os jovens à leitura. Será que estou conseguindo? Ainda não sei, mas dentre todos os meus alunos, a maioria ainda me chamam para fazer visitas à biblioteca ou contar aquelas histórias que fazem, por um instante, eles saírem desse pequeno “mundo” chamado terra. Agora, escrever? Hum! É outra longa história... Que eu prefiro resumir com um pequeno texto: “Eu amo escrever poesias, amo escrever narrativas, amo escrever, desde a minha adolescência registro os momentos mais importantes de minha vida em folhas (hoje amareladas), não só para ficar de recordação ou para chorar nos momentos de saudades (apesar de ser saudosista), mas porque me dá prazer, me inspira, e acima de tudo, me faz refletir e perceber como evolui. Hoje eu sou uma nova criatura”.

          Tudo começou com uma professora chamada Sueli. Ela tinha o costume de contar histórias da bíblia a cada sexta feira (Além de ler livros de literatura), fazendo com que todas as crianças parassem o que estavam fazendo para ouvi-la. Nesse período, eu era um aluno com muita dificuldade de aprendizagem, não conseguia ler nem escrever direito, tanto que sempre era convocado para as recuperações de julho e dezembro, além de dormir na sala de aula e ficar só desenhando enquanto a professora passava matéria, mas quando era a hora da história, viajava como poucos naquele universo oferecido pela literatura. Foi então que fiz um questionamento. De onde vinham tantas histórias maravilhosas como aquelas? E como a “Tia Sueli” sabia de tudo aquilo? Com o tempo pude observar que ela sempre estava com um livro nas mãos, sempre nos mostrava as imagens, e às vezes, lia o livro. Então todas essas histórias estão lá dentro? Agora entendi o segredo dela! Foi nesse exato momento que a minha vida mudou para sempre.

          Virei um leitor assíduo naquele ano? Não. Comecei a escrever bem? Também não. Porém, comecei a frequentar bibliotecas. Olhava os desenhos de cada livro, tentando desvendar cada história ali presente, sem se importar com aquelas palavras escritas (Afinal, não gostava de ler e escrever ainda). Assim, fui crescendo, crescendo, crescendo... E aos poucos venci meus medos e dificuldades (Já tinha dezoito anos, mas venci). Minha paixão por livros duram até hoje, tanto que me considero um bibliófilo. Atualmente, dou aula de português, leitura e produção de texto para o ensino fundamental, e sempre utilizo a estratégia, que aprendi com minha querida professora, para atrair os jovens à leitura. Será que estou conseguindo? Ainda não sei, mas dentre todos os meus alunos, a maioria ainda me chamam para fazer visitas à biblioteca ou contar aquelas histórias que fazem, por um instante, eles saírem desse pequeno “mundo” chamado terra. Agora, escrever? Hum! É outra longa história... Que eu prefiro resumir com um pequeno texto: “Eu amo escrever poesias, amo escrever narrativas, amo escrever, desde a minha adolescência registro os momentos mais importantes de minha vida em folhas (hoje amareladas), não só para ficar de recordação ou para chorar nos momentos de saudades (apesar de ser saudosista), mas porque me dá prazer, me inspira, e acima de tudo, me faz refletir e perceber como evolui. Hoje eu sou uma nova criatura”.


                                                                   Jucinei Rocha dos Santos, 31 de Maio de 2013